Monte Roraima, O Mundo Perdido

(foto aérea, não consegui identificar o autor)

Localizado na Serra de Paracaíma, o Monte Roraima é um imenso platô de arenito que começou a surgir há cerca de 1,8 bilhões de anos, antes mesmo da separação dos continentes da América do Sul e África. Em seu cume fica o marco divisório das fronteiras do Brasil, Venezuela e Guiana, num ponto localizado a 2.734m de altitude, o que faz do Roraima a 8ª montanha mais alta do Brasil e a montanha mais alta da Guiana. Mas o verdadeiro ponto mais alto da montanha fica no lado venezuelano, com cerca de 2.770m de altitude.

No final do século XIX diversas expedições europeias tentaram escalar a montanha e foram aos poucos descobrindo a única passagem natural para o topo, a Rampa na sua face venezuelana voltada para Sul. Por esse caminho a expedição britânica liderada por Everald Im Thurn finalmente chegou ao topo do paredão em 18 de dezembro de 1884. Impressionado com os relatos dessas expedições, o escritor Arthur Conan Doyle (o autor do Sherlock Holmes) escreveu o livro "Lost World", o Mundo Perdido.

Na Venezuela existem cerca de 200 montanhas como o Monte Roraima. Essas montanhas em formato de mesa são chamadas Tepuis e o Monte Roraima é o mais alto de todos. É também uma montanha gigantesca com cerca de 33km² de área no cume, mas neste quesito existem Tepuis bem maiores.

Outro aspecto curioso sobre o Monte Roraima são suas lendas. Próximo às suas encostas vivem os índios Pémons (Venezuela), Ingaricó e Macuxi (Brasil), índios que consideram o Monte Roraima como a morada de Makunaima. Os índios Macuxis dizem que Makunaima foi fecundado no topo do monte durante um eclipse, quando raios dourados do Sol refletiram em um lago com os raios prateados da Lua. De curumim, cheio de magia, Makunaima cresceu forte e tornou-se um índio guerreiro. Guardião do monte, faz o tempo nublar e chover se alguém gritar em seu topo, pois é lá que repousam os espíritos dos pajés. Quando um deles morre, seu espírito penetra na terra e se transforma em cristal. Já para os índios Pémon, da Venezuela, o Monte Roraima é a “La Madre de Todas las Aguas" (A Mãe de Todas as Águas), lugar de nascentes de rios e grandes cachoeiras. Para eles, se a água é o sangue do planeta, então o Monte Roraima é o coração. Alí estão as nascentes dos rios Arabopo, Cotingo, Waruma e Paikwa, que irão desembocar nas bacias do Orinoco, Amazonas e Esequibo.

(o trecho acima foi adaptado do texto original de Paulo Liebert)

Existem também lendas e conhecimentos que ainda são transmitidos de forma oral de geração pra geração. Tivemos acesso a alguns desses conhecimentos nas nossas conversas noturnas nos acampamentos. O que mais me impressionou foi a designação do Monte Roraima segundo uma tradição antiga: La Roca Madre de la Noche de Todos los Tiempos (A Rocha Mãe da Noite de Todos os Tempos).

Continua...   http://waldyrneto.blogspot.com/2012/02/monte-roraima-viagem.html